terça-feira, janeiro 09, 2007

Na Tabacaria

Nunca era nada. Nunca
seria nada, disse, não podia
querer ser nada.
E o sonho, que era de todos
os sonhadores do mundo,
assomava as janelas do seu quarto,
do quarto de um dos milhões do mundo
que ninguém saberia quem era.
Mas, logo o poema iniciado
cruzaria as ruas, entraria nos hospícios
onde poucos sabem que vão morrer,
nas mansardas onde o sonho
se sonha a si próprio,
entraria no mundo,
chamaria a atenção, como por sinal
divino, do Dono da Tabacaria
quando se acerca da porta e permanece.
Entraria
até no universo para um último adeus:
Adeus, ò Esteves.
E o poema sorriria.

1 comentário:

Anónimo disse...

e sorriu.