sexta-feira, abril 24, 2009

Leste de Angola (1968-70)

para MC

Lembro-me que lhe escrevia cartas
verdadeiras, as palavras
não eram transparentes
eram como o coração no corpo
sentido em sinais ininterruptos
Veias e artérias
gravadas nas palavras
Recordo que invejava
as cartas que iam tocar a pele
dos seus dedos
Eram cartas verdadeiras
da dor obscura
iriam voar no éter
numa liga de alumínio
A única palavra que recordo
é o amor.

1 comentário:

Anónimo disse...

tentei comentar, hoje à tarde, este poema. mas foi-me solicitado uma tal de "palavra-senha" e não consegui. lembro que destaquei:
"as palavras
não eram transparentes
eram como o coração no corpo".
grande, bnelo texto!
abraços!