sábado, setembro 12, 2009

O regresso dos restos de Jorge de Sena


«Uma vez eu, chegando a Portugal
após muitos anos de ausência minha»


Toda a gente está feliz pelo «regresso de um dos grandes homens de cultura do século XX».
Jorge de Sena regressou, mas já não pode dizer isso em poema, como o fez, datando os versos de 21/4/74. Agora regressou para tornar feliz a consciência de alguns hipócritas, mais felizes do que ele porque ainda estão vivos.


«...O povo, como pode
sobrevive, entre futebol e emigração. O resto
lê, com esperança, com raiva, ou com desânimo,
o livro do general que, silencioso, não comenta
dos jovens centuriões que se precipitaram.»

A minha geração e aqueles com mais de 40 anos entendem estes versos, na sua prosopopeia poética.
Também a referência a dois aspectos cruciais da história contemporânea no poema (*)
Ou este aviso, muito significativo com data de 4/6/74, «Liberdade, liberdade, / tem cuidado que te matam».


(*)
o livro 'Portugal e o Futuro', do Gen. António de Spínola e o Golpe das Caldas, de 16/3/74


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