sexta-feira, outubro 07, 2011

Olhares: Uma Intertextualidade


OLHARES ITALIANOS

Vem à superfície das ondas
cinzentas
o branco da sereia

Como uma linha perfeita
de um caule amanhecido
ou uma linha de horizonte
vertical
para onde os olhos nas órbitas
rodam em cardume

É uma estátua sem sombras
passa, como a aurora
sem deixar provas, só indícios
de um perfume.

4/10/2011

A propósito deste poema, o meu amigo e poeta (residente do Blog), Brissos Lino, propôs o seu olhar, numa intertextualidade mais crua, com uma prosopopeia quiçá mais "erótica", num poema inédito.


OS CÃES OBSERVAM A PRESA

os cães observam os meneios da presa
atentamente
estranham a sua falta de cuidado
com os predadores
aprenderam cedo que os animais selvagens
emboscam a caça
esta nunca vem ter com eles de passo firme
no alto da sua alvura
e de cabeça erguida como provocação
a abrir caminho mesmo no meio da matilha

confundidos nem sabem o que fazer às mãos
e aos piropos do costume
escondem-se atrás de um cigarro
de boca cerrada
num ensaio de sorriso estranho
e num silêncio incómodo
sem acção para nada.

6/10/11

Brissos Lino



1 comentário:

Márcia Maia disse...

Muito bons os dois poemas. Mas o segundo, um pouco mais me conquistou.